Eles podem ser tão parecidos que até criadores experientes os confundem. Não é para menos, o American Staffordshire e o American Pit Bull são, na verdade, um só cão que seguiu rumos diferentes. Seu ancestral, o Staffordshire Bull Terrier, surgiu de cruzamentos feitos por ingleses no início do século 19 para criar um supercão de briga – as rinhas eram muito populares naquela época. Aliava a agilidade e o temperamento valentão de alguns Terriers com o físico poderoso e a grande determinação para brigar do antigo Bulldog Inglês. Levado aos Estados Unidos, o Staffordshire Bull Terrier passou por novos cruzamentos para aumentar de tamanho e melhorar ainda mais seu potencial para briga. Seus descendentes resultaram em exemplares de portes bem diferenciados. Criadores voltados para o temperamento de lutador destes cães obtiveram seu reconhecimento com o nome de American Pit Bull Terrier, em 1898, pelo UKC- United Kennel Club, uma entidade de influência local. A expansão da cinofilia a partir do início do século 20 trouxe um novo objetivo para a criação de cães: as exposições de beleza. Esta nova mentalidade faria surgir o American Staffordshire Terrier, resultado do trabalho de alguns criadores de Pit Bull interessados em aperfeiçoar sua estrutura física e obter maior controle do seu temperamento. Para conseguir isso, evitaram cruzar as linhas de sangue mais ferozes, assim como cores relacionadas a problemas como despigmentação, surdez e cegueira. Assim, eliminaram da reprodução os cães inteiramente brancos, os com olhos claros e os com nariz não preto, caso dos exemplares vermelhos de nariz vermelho. Preferiram, também, cruzar os de tamanho médio, já que os maiores lembravam mais os Pit Bulls iniciais, e os menores se assemelhavam ao ancestral Staffordshire Bull Terrier. Em 1936, os cães resultantes deste tipo de criação foram reconhecidos pelo AKC – American Kennel Club, com o nome de Staffordshire Terrier (sem o “Bull” para diferenciá-los do ancestral inglês). Em 1972, receberam a denominação American Staffordshire Terrier e são reconhecidos hoje também pela FCI – Federação Cinológica Internacional. Devido principalmente à grande variação de tipos físicos e à forma de seleção (pouco importa a estrutura, desde que vença seus oponentes nas rinhas), o Pit Bull ainda hoje não possui reconhecimento internacional como raça. Alguns países, inclusive o Brasil, emitem registro e os aceitam em exposições nacionais, porém nas internacionais e aos seus títulos eles não podem concorrer. Felizmente, há criadores selecionando Pit Bulls pela estrutura e bom temperamento, obtendo assim cães aptos à exposições, provas de adestramento, guarda e companhia.
DIFERENÇAS DE COMPORTAMENTO
Pessoas com experiência de convívio com as duas raças costumam concordar que os AmStaffs são um pouco mais tranqüilos e obedientes que os Pits, além de menos violentos com cães e outros animais. Mas há variações conforme as linhagens. Afinal, cada criador seleciona para reproduzir os cães mais parecidos com o seu gosto pessoal. Em alguns canis de Pit Bull, por exemplo, os machos devem vencer pelo menos 5 lutas para poderem cruzar, e as fêmeas, pelo menos 1. Em outros, os Pits são selecionados por suas aptidões esportivas (escalar, tracionar peso). De modo geral, tanto AmStaffs quanto Pits são apegados aos donos e brincalhões. Os dois podem conviver bem com crianças e receber soltos as visitas do dono, desde que sejam habituados a isso desde filhotes. O convívio com cães e com outros animais é arriscado, apesar de existirem inúmeros casos de sucesso. Depende da herança genética (pais sociáveis geram filhotes com tendência a serem menos combativos), do grau de dominância individual de cada cão e da criação que receber. Na guarda, as duas raças possuem estilo de ataque determinado e mordedura das mais possantes. Como todos os Terriers, são muito atentos e agem rapidamente. Atacam estranhos (pessoas, cães e outros animais) que invadam seu território, não só para defendê-lo mas também devido ao forte instinto de luta. Existem, tanto entre os AmStaffs quanto entre os Pits, exemplares que por excesso de docilidade não servem para guarda. Os cães que se tornam perigosos, como em qualquer raça, são fruto de má seleção por parte do criador (que cruzou cães de mau temperamento) ou de criação incorreta por parte do dono (que estimulou a violência no animal ou que não soube se fazer respeitar por ele). Texto baseado em reportagens de Revistas Cães & Cia.
AMERICAN STAFFORDSHIRE TERRIER
AMERICAN PIT BULL TERRIER